Com novo recuo do PIB, gestão de Henrique Meirelles na Fazenda volta a ser alvo de críticas
Nós aqui outra vez O ministro Henrique Meirelles tornou a virar alvo de críticas. A pressão para que a equipe econômica tire da cartola medidas para retomar o crescimento ganhou força após o decepcionante recuo de 0,8% do PIB no terceiro trimestre. Os investimentos caíram e provocaram uma onda de queixas ao presidente. Cobra-se mais criatividade da Fazenda. Uma frase resume o sentimento geral em Brasília: “A equipe dos sonhos não está conseguindo entregar os sonhos da equipe”.
Esperando Godot Palacianos estão frustrados. Esperavam que a estabilização da atividade econômica tivesse se confirmado agora.
Geleia geral Para o mercado, enquanto houver forte desarranjo institucional — Ministério Público brigando com Legislativo; Legislativo em guerra com Judiciário; Judiciário às turras com Executivo — os investimentos de longo prazo não chegarão.
Agora vai O governo bateu o martelo. Reúne as centrais sindicais e os líderes do Congresso na segunda-feira (5) e apresenta a reforma da Previdência logo depois, possivelmente na terça (6).
Assim, sei lá Com Geddel Vieira Lima fora e Eliseu Padilha se recuperando de uma crise de pressão alta, aliados notaram Temer um pouco “solitário” no Planalto.
Última ceia O centrão vai se reunir na casa de Jovair Arantes (PTB-GO) na segunda à noite para apresentar os nomes das prévias e fazer uma tentativa derradeira de acordo pelo comando Câmara.
Com que roupa A ala do centrão mais simpática a tolher os poderes da Lava Jato — praticamente todo o grupo — reparou: Rogério Rosso (PSD-DF), candidato ao posto, votou contra o abuso de poder de autoridades.
Gastei por conta Garçons do Congresso comemoravam o artigo do projeto anticorrupção que criava recompensa para o reportante do bem. “Ficaremos ricos”, diziam eles pouco antes da votação que desfigurou a medida.
Péra lá Temer sanciona nesta sexta (2) a medida provisória que transferiu para as faculdades parte das despesas do Fies. Há um único veto às alterações feitas no Congresso: o trecho que proibia a Justiça de obrigar o Ministério da Educação a abrir novos cursos por meio de liminar.
Já foi melhor, hein? Renan Calheiros só decidiu pagar para ver e tentar aprovar a urgência do abuso de autoridade após caciques do PSDB e de partidos de esquerda darem o sinal verde. Só não contava que as bancadas não seguiriam o comando.
VIP Rogerio Chequer, líder do Vem Pra Rua, enviou nesta quinta-feira (1º) um convite ao juiz Sergio Moro para que ele participe da manifestação de domingo, na av. Paulista, a favor da Lava Jato.
Engrossa o caldo Com o movimento da Câmara contrário ao pacote anticorrupção do Ministério Público, o protesto de domingo engrossou. Mais de 50 cidades aderiram ao ato em menos de 24 horas — ao todo já são 150 municípios no país inteiro.
Rir por último Ninguém dirá publicamente, mas um dos objetivos da Lava Jato com a elevação de tom em direção ao Congresso era justamente ampliar a adesão aos atos do fim de semana.
À la Meirelles A Executiva do PMDB implantou um ajuste fiscal próprio nas contas do partido: pelo segundo mês seguido, os diretórios estaduais receberam cerca de 15% a menos dos repasses do órgão nacional. A ideia é que o aperto venha para ficar.
Meritocracia Geraldo Alckmin pretende usar secretarias estratégicas, como Cultura e Transportes, para acomodar futuros aliados. Pré-candidato a presidente, Alckmin ainda não definiu quem vai cuidar de sua comunicação. O posto deixado por Marcio Aith segue desocupado.
TIROTEIO
Não há plano B. O PSDB continuará apoiando o governo Temer porque o melhor para o Brasil é concluir a transição.
DE AÉCIO NEVES (MG), presidente nacional do PSDB, sobre a notícia de que tucanos falam em eleição indireta de FHC caso Temer não termine o mandato.
CONTRAPONTO
Plano de carreira
Na terça-feira (29), o prefeito eleito de São Paulo, João Doria (PSDB), concedeu palestra em um evento do banco JP Morgan.
Durante sua fala, Doria reafirmou a intenção de não disputar a reeleição para o comando da capital paulista.
Da plateia, um presidente de fundo de investimento internacional sediado no Rio de Janeiro soltou:
— Então, daqui a quatro anos, vá para o Rio e dispute a eleição por lá!
O próprio investidor emendou, para deleite do tucano e de sua equipe:
— Tenho certeza de que estaremos precisando.