Com prisões no Rio, deputados querem explicitar que anistia a caixa dois impede punição por outros crimes

Painel

Alerta vermelho A prisão de Anthony Garotinho (PR) e Sérgio Cabral (PMDB) elevou ao nível máximo o senso de urgência dos congressistas que querem aprovar uma anistia ampla e explícita aos alvos da Lava Jato. Esse grupo suprapartidário diz que, se é para assumir um desgaste dessa magnitude, que seja para obter um salvo-conduto seguro. Em outras palavras: a garantia de que não serão atingidos pela nova lei do caixa dois nem enquadrados em práticas como corrupção e lavagem de dinheiro.

No palitinho Um dos nomes cogitados para assumir a autoria da emenda da anistia foi o do deputado João Campos (PRB-GO), coordenador da bancada evangélica e vice-coordenador da bancada de segurança pública.

Afaste esse cálice Campos confirmou que foi sondado, mas disse que é frontalmente contra a anistia e que jamais aceitaria cumprir tal papel. “Não contem comigo. É questão de princípio, a minha atuação na Câmara não permite andar nessa direção.”

Nas sombras O deputado não quis dizer quem o abordou, mas afirma acreditar que todos da comissão que discute o pacote anticorrupção do Ministério Público — e onde pode ser incluída a emenda da anistia — devem ter sido procurados.

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Lamentações O Vem Pra Rua vai montar, no domingo (20), um “muro da vergonha” na avenida Paulista com o nome dos deputados que não apoiam o projeto das dez medidas contra a corrupção.

Orai por nós Ao comentar a viagem de Rodrigo Maia ao Vaticano, em um roteiro que inclui encontro com o papa Francisco, um integrante do “centrão”, grupo que quer evitar a sua reeleição, brinca: “Enquanto ele pede a bênção, a gente não para de articular por aqui”.

Bandeira branca O senador José Aníbal foi ao STF se retratar com José Eduardo Cardozo e pôs fim à queixa-crime que o petista apresentou contra ele em 2013. Aníbal havia chamado o ex-ministro de “vigarista” e “sonso”.

Proporcional Com a nomeação de Roberto Freire na Cultura, o PPS passa à incrível marca de dois ministros com uma bancada de apenas sete deputados. “Daqui a pouco tem mais gente deles na Esplanada do que na Câmara”, observa um tucano.

Saia justa O ministro Marcos Pereira (Indústria) visitará a OMC na quinta (24), dias depois de a organização condenar a política industrial do Brasil e exigir o fim dos incentivos fiscais adotados ainda no governo Dilma.

Termômetro O ministro vai usar a visita para medir o possível desgaste do governo Michel Temer no organismo internacional caso decida recorrer da decisão.

Mal na fita Até esta sexta-feira (18), o projeto com maior aprovação popular no portal do Senado era a emenda à Constituição que reduz o número de congressistas dos atuais 594 para 439, um corte de 26%. A proposta tinha quase 1 milhão de “joinhas”.

Tramitação Apresentada pelo senador Jorge Viana (PT-AC), a PEC está na CCJ e recebeu parecer favorável de Randolfe Rodrigues (Rede-AP) na quarta-feira (16).

Ocupar e resistir A proposta com maior rejeição na consulta é a prioridade de Michel Temer em 2016, a PEC que limita os gastos federais. Havia 338 mil votos negativos contra 22 mil positivos.

Sem clima Estão na mesa de ministros os dados do desmatamento na Amazônia em 2016. O governo não repetiu o ritual de divulgá-los na conferência do clima. Quem teve acesso diz que o dado é ruim.

Visita à Folha Alexandre de Moraes (PSDB), ministro da Justiça, visitou a Folha nesta sexta (18), a convite do jornal, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhando de João Rodarte, presidente da CDN Comunicação.


TIROTEIO

Não sei que nome daria para um candidato que faz certas promessas na eleição e depois de eleito vai na direção contrária.

DO VEREADOR ANDREA MATARAZZO (PSD), ironizando a decisão do prefeito eleito João Doria de manter em 50 km/h o limite de velocidade nas marginais.


CONTRAPONTO

Hay gobierno…

O líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE), subiu à tribuna na quinta (17) para se explicar sobre o polêmico relatório que altera as regras dos acordos de leniência. O texto facilitava a vida de empresários enrolados e foi motivo de repúdio de procuradores da Lava Jato.

Na Câmara, Moura negou ser o autor do texto e prometeu publicidade absoluta dali em diante.

O oposicionista Miro Teixeira (Rede-RJ) pediu a palavra para reiterar a necessidade de transparência.

Após sua fala se dirigiu a um grupo de jornalistas:

— Estou irritado comigo mesmo, concordei com o líder do governo!