Com capital e Estado na mão, Alckmin tenta minar influência de Aécio no PSDB para se lançar em 2018

Painel

The winner takes it all Para além do simbolismo da vitória, a eleição de João Doria dá a Geraldo Alckmin condições práticas para que pavimente sua candidatura à Presidência em 2018. Para cruzar as fronteiras paulistas, o tucano passa a contar com as máquinas da prefeitura e do governo. O primeiro passo será afastar a influência de Aécio Neves do comando do PSDB, em abril. Depois, tem dois blefes para forçar sua escolha: pedir prévias e acenar com a saída do partido caso as portas tucanas se fechem.

O lado B No fundo, ninguém quer prévias presidenciais. Apesar do verniz democrático que uma disputa interna projeta, a prática dilacera partidos, como rachou o PSDB em SP. Algo assim pode ser fatal para a sigla em 2018.

Reprise Apesar da glória contada em prosa e verso, o plano de Alckmin desanda se Doria fracassar no cargo — o desastre da gestão Celso Pitta afundou o padrinho Paulo Maluf politicamente. A sorte do governador é que um ano é pouco para queimar o filme.

Todos os nomes Saindo-se vitorioso no segundo turno em BH, Aécio divide a ribalta com Alckmin, mas com peso menor. Outros potenciais candidatos ao Planalto viram seus candidatos naufragarem: Lula, Eduardo Paes, José Serra e Marina Silva.

Sem flash Michel Temer também não sai exatamente bem na foto. Ficou longe da campanha, mas foi o grande fiador de Marta Suplicy no PMDB — desbancando Gabriel Chalita, à época o candidato natural do partido em SP.

Pelo menos A decisão já em primeiro turno na capital paulista, porém, é alívio para Temer. Se o PT tivesse avançado, usaria a campanha para atacá-lo — como faz Marcelo Freixo (PSOL) no Rio.

Ops, não deu Alckmin não conseguiu replicar o sucesso da capital em sua cidade natal, Pindamonhangaba. Saíram derrotados na disputa o candidato do PSDB e uma parente do governador.

Ops, deu Dilma venceu. Cunha também. Mas foi em Cássia dos Coqueiros (SP), que elegeu prefeita neste domingo a professora Dilma Cunha.

Cabeça a cabeça Assim que as urnas foram abertas, Marta e o ex-marido Eduardo Suplicy estavam quase empatados — o detalhe é que ele concorria à Câmara. Depois, a distância cresceu um tanto.

Siga o mestre Ao assumir o posto de primeira-dama paulistana, Bia Doria vai comandar o Fundo Municipal de Solidariedade, a ser instituído nos mesmos moldes do programa tocado por Lu Alckmin no governo estadual.

Rei do camarote João Doria acompanhou a apuração trancado em uma sala de casa com a mulher, enquanto convidados celebravam em outros ambientes de sua residência no Jardim Europa.

Tranquilão Também em casa, Haddad passou parte das horas de espera com aliados e seu violão no colo. Dedilhou a sugestiva canção “Life by the drop”, algo como “viver a vida intensamente”, de Stevie Ray Vaughan.

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Number of the beast Ex-colegas de partido se divertiam com o quarto lugar de Marta Suplicy. Assim como Heloísa Helena, Luiza Erundina, Cristovam Buarque e Marina Silva, ela caiu na maldição do PT — deixou a sigla para amargar um verdadeiro fracasso nas urnas.

Unfollow O Ministério Público requisitou a instauração de inquérito policial para apurar suspeita de crime eleitoral praticado por Fernando Holiday, do MBL, eleito vereador pelo DEM, em São Paulo. Em sua página no Facebook, pediu votos neste domingo (2), o que é proibido.

Escolha de Sofia O BNDES decidirá esta semana quais projetos internacionais abandonará e quais financiamentos serão mantidos. Não há caixa suficiente para executar todos os contratos firmados no passado.


TIROTEIO

O resultado eleitoral das urnas só demonstra que nunca é tarde para começar a refundação do PT.

DO EX-MINISTRO TARSO GENRO, sobre a derrota acachapante do PT nestas eleições e o reposicionamento do partido, que defende desde o mensalão.


CONTRAPONTO

E vamos botar água no feijão

Na semana anterior ao primeiro turno, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, visitou a Cidade Tiradentes, bairro no extremo leste da capital, em busca de votos para a reeleição.

Entre um comércio e outro, o petista acabou entrando em um restaurante popular. Depois de cumprimentar as pessoas que estavam almoçando, dirigiu-se à cozinha. Foi apresentado à cozinheira e gastou um bom tempo com um aperto de mãos para o registro dos apoiadores.

Assim que o prefeito saiu, a funcionária desabafou:

— Meu Deus, minha panela queimando no fogão e ele não largava minha mão!