“Michel não fez nada por mim”, revela Cunha a amigos antes de ser cassado

Painel

Capítulo final? “Eduardo, o governo não pode tudo”, tentou explicar um emissário do Planalto. Mas Cunha não se convenceu. Patrono do impeachment, cobrava lealdade por colocar Michel Temer na Presidência. Acabou expulso do Congresso sob as barbas do governo que ajudou a empossar e pelas mãos do grupo político que ele próprio fortaleceu. Abatido, com olheiras e mais calado do que o normal, confidenciava a amigos horas antes da cassação: “O Michel não fez nada por mim”.

Best seller Cunha deu pistas do que vem por aí: “Contarei tudo do impeachment”. Ele espera lançar seu livro sobre os bastidores da deposição de Dilma Rousseff em dois meses.

Quem é quem Nas poucas palavras que deu durante o dia, Cunha reclamou muito de Moreira Franco, secretário de Temer, e do presidente. O único poupado foi Geddel Vieira Lima — “esse sempre foi correto comigo”, dizia ele.

Café frio Nas últimas horas, Cunha viu-se abandonado por aliados do baixo clero. “Vou votar por sua cassação. Abraços”, escreveu um inexpressivo deputado para o WhatsApp do peemedebista.

Eu avisei Logo após a fatídica votação de 17 de abril — data da abertura do processo contra Dilma na Câmara — aliados foram até Cunha pedir que renunciasse à presidência da instituição.

Chá de sumiço Disseram que PSDB e DEM topavam preservar seu mandato desde que saísse de cena, abrindo mão de ser “vice-presidente de Temer”. Em vão.

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Beijo do Gordo Ao fazer a leitura da ata da sessão anterior, na Câmara, o Delegado Waldir (PR-GO) se confundiu e disse que “Jô Soares” estava presente — referia-se, na verdade, a Jô Moraes (PC do B-MG).

Toma Aloizio Mercadante devolveu a alfinetada: “Nem toda entourage tem um Cunha, por isso sou Dilma”. À Folha, Cunha sugeriu que o petista era o trapalhão da “entourage” da ex-presidente.

Não se afobe não Michel Temer pediu que sua equipe não tenha pressa para organizar a mudança do Jaburu para o Palácio da Alvorada.

Dedo dele Deputados e candidatos à vaga da Câmara no Conselho Nacional de Justiça veem interferência do PMDB do Senado na disputa. Atribuem a Renan Calheiros a tentativa de cacifar Ana Luisa Medeiros para o posto.

Olha o troco Após Cármen Lúcia sinalizar que pode abandonar o projeto de reajuste do Judiciário, a Frentas, entidade que representa magistrados e procuradores, chamou reunião para discutir uma reação à ministra.

Deixa que eu deixo Ficou decidido, no entanto, que nada será dito até que a presidente do STF se declare oficialmente contra a proposta.

Festa de Babette Marta Suplicy (PMDB) vai promover um jantar para empresários com entradas a R$ 7.500 na quarta-feira (14). Espera que a subida no Datafolha impulsione a venda de convites para contornar a baixa arrecadação.

Inventa outra O Ministério Público apresentou recurso ao Tribunal Regional Eleitoral para que o candidato João Doria substitua imediatamente o slogan “Acelera SP”.

Em família O promotor eleitoral José Carlos Bonilha afirma que a campanha de Doria usa um termo “umbilical e intimamente ligado” ao governo paulista, o que é proibido pela lei eleitoral.

Visita à Folha O maestro John Neschling, ex-diretor artístico do Theatro Municipal de São Paulo, visitou a Folha nesta segunda-feira (12). Estava acompanhado de sua mulher, a escritora Patrícia Melo, de Eduardo Carnelós, advogado, e de Iris Walquiria Campos, sócia-diretora da IW Comunicações.


TIROTEIO

PT e PSDB unidos pela mesma coisa é como cruzamento de cobra com porco-espinho: nasce rolo de arame farpado.

DO DEPUTADO CARLOS MARUN (PMDB-MS), que ficou ao lado de Eduardo Cunha até o fim, sobre a união dos dois partidos rivais para cassar o peemedebista.


CONTRAPONTO

Garoto de recados

Dizendo-se eleitor do PT, do ex-presidente Lula e de Fernando Haddad, um taxista esteve na sexta (9) na quadra do Sindicato dos Bancários, no centro da cidade, para um ato da campanha à reeleição do prefeito de São Paulo.
Da beira do palco, gritando, pedia a atenção de Lula. Diante da insistência de quase vinte minutos do rapaz, o ex-presidente decidiu ouvi-lo.
— Presidente, o senhor é o único que pode nos ajudar. O Uber está dominando tudo. Estou definhando, não tenho nem mais dinheiro para o plano de saúde.
— Fica tranquilo. Vou passar o recado para o Haddad — respondeu Lula, ajoelhado no palco.