“Também tenho um dia de humano”, brincou Cunha com interlocutores após chorar na renúncia

Painel

Virou mortal Eduardo Cunha só aceitou jogar a toalha sob a promessa de que não seria abandonado pelo governo no dia seguinte. Equilibrista, negociou a renúncia e a própria sucessão. Recebeu, do Planalto, as bênçãos veladas ao deputado Rogério Rosso, herdeiro dos sonhos do agora ex-presidente da Câmara. Ao chegar à Casa que chefiou por 17 meses com raro poder, caminhou apressadamente com o olhar rebaixado. A amigos, justificou o choro de despedida: “Também tenho um dia de humano”.

Patinho feio Dos nomes por ora mais fortes no páreo, somente Giacobo (PR-RR), cria do chamado “baixo clero” da Câmara, é rejeitado por Cunha e Planalto.

Não é amor, é cilada O deputado comandou a sessão em que o governo foi derrotado — a votação da urgência para o projeto da dívida dos Estados. Giacobo quis dar o troco em Michel Temer ao não ter um aliado seu nomeado para a diretoria de Itaipu.

Xiiiiiiiiii Ambos candidatos, Rodrigo Maia e Julio Delgado se uniram a Waldir Maranhão para manter a eleição na quinta. O argumento é que a convocação do pleito para terça feita pelos líderes não teve validade por problemas de assinatura.

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Eduardo, quem? Rosso passou o dia se esquivando do padrinho. Em quem esbarrava, logo explicava: “Não sou o candidato do Cunha”.

E aí, vai encarar? Há oito meses no encalço do peemedebista, um procurador da Lava Jato assim descreveu a queda: “Ele mostrou que é grande, mas não é dois”.

Tava com “preça” Um santinho da candidatura de Gaguim (PTN-TO) ao posto de Cunha fez a noite de deputados. Circulando pelo Whatsapp, dizia: “Presiso do seu voto” (sic). No site do deputado, porém, foi postado com escrita fiel à língua pátria.

Dei bolo Roberto Requião (PMDB-PR) ofereceu um jantar para que Lula pudesse tratar do impeachment. Só seis senadores apareceram.

Imperdível Convidado, Cristovam Buarque não foi. “Eu tinha um jantar do embaixador americano para a encarregada das Américas no Itamaraty deles em Paris”.

Dobrei a meta, Lula Do outro lado da cidade, Cunha, mesmo “demissionário”, jantava ao lado de doze aliados.

Tem de tudo A corrida pelo comando da Câmara pode influenciar até acertos regionais. Para atrair o DEM à campanha de Russomanno a prefeito de SP, o PRB sinalizou apoio a Rodrigo Maia.

Tem chão No caso de um acordo, Beto Mansur (PRB-SP) teria de desistir de disputar a Câmara. O deputado responde a dois processos no STF por trabalho escravo e improbidade. Ele diz que é “questão de tempo” para que sejam arquivados.

Tem guerra Integrantes do PRB estão injuriados com o assédio de João Dória (PSDB) a partidos afinados com a sigla. O acordo dos tucanos com o PP azedou de vez a relação até então amistosa.

Fim de jogo No partido, já se fala em deixar a secretaria de Esporte de Alckmin “para ficar mais livre na eleição”. Aliados de Russomanno defendem também que ele só se licencie da Câmara se seu suplente, Dentinho, sair do PP.

Efeito Cunha Por causa do noticiário, uma parceria do Google com uma universidade americana para indicar conteúdo jornalístico autêntico nas buscas teve de ser rebatizada. De Projeto Trust virou Projeto Credibilidade.

Morreu de velho Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) apresentou proposta de lei prevendo a contratação de seguro para garantir a execução de obras. A seguradora faria a fiscalização e, em caso de descumprimento do contrato, ressarciria o governo.

Pela janela Do deficit bilionário do fundo de pensão Petros, da Petrobras, R$ 500 milhões foram de aplicações furadas feitas na hidrelétrica de Belo Monte. O governo exigiu o investimento para alavancar a obra da usina.

Vou ter de passar Dias após ser preso, Léo Pinheiro ainda recebia mensagens em seu celular. Uma delas destoou. Era de uma modelo com quem o empreiteiro da OAS saía esporadicamente. “Estou em SP. Vamos marcar algo?”, dizia a desavisada.


TIROTEIO

Olha como o mundo dá voltas. Ele renunciou e, agora, sou eu o primeiro deputado a oficializar a candidatura para o lugar dele.

DO DEPUTADO FAUSTO PINATO (PP-SP), rival de Cunha e relator do pedido de cassação do peemedebista no Conselho de Ética nas etapas iniciais do processo.


CONTRAPONTO

Engenheiro de obra pronta

Em discurso no Congresso da Juventude do PSDB, o senador Aécio Neves, presidente nacional do partido, falou aos militantes sobre os bastidores da última corrida presidencial, na qual se lançou candidato e acabou derrotado por Dilma Rousseff (PT).
O tucano lembrou do momento em que, no último debate, a petista recomendou a uma eleitora indecisa que buscasse um curso do Pronatec para se recolocar no mercado. Segundo Aécio, ele tinha uma réplica pronta, mas acabou dissuadido por marqueteiros:
— Economista, 50 anos, desempregada… você vai ser colega da Dilma!