Temer desiste de apoiar criação de 14 mil cargos e promete agir contra aumento para STF
Não passarão O governo interino desistiu de criar os 14 mil novos cargos federais aprovados pela Câmara na semana passada. Em outra ponta, o Planalto também prometeu à equipe econômica se posicionar contra o aumento salarial de ministros do STF. Manterá, contudo, o apoio ao reajuste dos servidores do Judiciário, já acordado anteriormente. Com isso, Michel Temer busca, de um lado, evitar o efeito cascata de aumentos nos Estados. De outro, reforça seu juramento pelo ajuste fiscal.
Como faz? Renan Calheiros também deu uma forcinha ao recuo do governo em relação aos 14 mil novos cargos. Avisou que a medida não vingaria no Senado: “Não dá para defender isso com milhões de brasileiros desempregados”, disse ele a aliados.
Colateral Mas há um dado curioso: se o reajuste da cúpula do STF passar no Senado, Temer ganha por tabela. Como também recebe aposentadoria de procurador em SP, seu vencimento seguiria o novo teto, ficando maior.
Cansei de brincar O presidente interino se cansou do modelo que ele próprio fundou de demitir ao primeiro sinal de fumaça. A partir de agora, ministro só cai se virar réu da Lava Jato ou se for flagrado fazendo coisa errada.
Complicou No caso de Henrique Alves (Turismo), pesou na decisão de mantê-lo o fato de Temer também ter sido citado em diálogo do PMDB com o empreiteiro Leo Pinheiro. Aliados acham que uma reação mais assertiva poderia chamar a atenção para o caso do interino.
Vai caindo Fábio Medida, a propósito, só seguiu na AGU porque o governo achou que ficaria mal demitir um ministro que defende a Lava Jato e manter outro — Henrique Alves — investigado por ela. Sua exoneração, porém, está encomendadíssima.
Querida, cheguei O ex-presidente Lula deve desembarcar nesta terça em Brasília para falar com Dilma. Pelo menos nesta passagem, não deve repetir a operação de corpo a corpo com senadores para reverter votos no impeachment.
Tia pra quem O Planalto recebeu nesta segunda a cúpula do PRB. Depois da reunião, deputados — antes certos de que Tia Eron (PRB-BA) votaria para cassar Eduardo Cunha — passaram a achar que ela pode mudar de ideia.
Geladeira cheia Segundo dados do Planalto, Dilma gastou, de janeiro a maio, cerca de R$ 280 mil em seu cartão de suprimento para despesas com alimentação, média de R$ 62 mil mensais.
Muito pão de queijo De 13 a 31 de maio — os 18 primeiros dias de afastamento — o gasto bateu R$ 54 mil. O Planalto diz que o cartão foi reabastecido e Dilma já pode fazer compras para o Alvorada.
Eita A assessoria da petista diz que tomará medidas para apurar o vazamento de informações sigilosas “sobre a segurança” do palácio.
Deu mole O centrão não gostou das declarações do ministro Torquato Jardim (Transparência) de que o baixo clero se reúne “em nome da corrupção e da safadeza”. Deputados querem convocá-lo à Câmara.
Lá em casa O governador Rodrigo Rollemberg (DF) vai sediar uma prévia com governadores para afinar o discurso antes da reunião com Henrique Meirelles (Fazenda).
Aquele abraço Unidades do SUS em São Paulo protestaram na segunda contra a proposta de redução de recursos para o sistema. O ato recebeu o nome de #abraSUS.
Mais um Wilson Pollara, número dois da Secretaria de Saúde paulista, será o novo secretário nacional do SUS.
Visita à Folha Paulo Hartung, governador do Espírito Santo (PMDB), visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Otávio Cabral, assessor de comunicação.
TIROTEIO
Enquanto petistas estão enrolados na Lava Jato, o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, foi além: ele está no próprio jato.
DE ORLANDO MORANDO (PSDB-SP), deputado estadual, sobre a notícia de que o rival teria recebido vantagens na compra federal dos caças Gripen.
CONTRAPONTO
Deu cria?
Às vésperas da votação inicial do impeachment no Senado, o deputado Silvio Costa (PT do B-PE) foi à tribuna da Câmara. Disse que, lamentavelmente, Dilma desceria a rampa do Planalto. E se pôs a criticar Michel Temer.
Usou tanto o seu tempo de fala para detonar o peemedebista que o microfone emudeceu. Deputados já pediam a palavra quando Beto Mansur (PRB-SP), primeiro-secretário da Casa, que presidia os trabalhos, pediu a Costa que concluísse seu pronunciamento, pois havia outros inscritos e precisaria encerrar a sessão.
— Sim, Eduardo Cunha Júnior, eu vou concluir. Está pior do que Cunha! — resmungou, rindo consigo mesmo.