Centrão ameaça criar “liderança da maioria” caso Temer prestigie DEM ou PSDB 

Painel

O poderoso centrão O centrão, grupo político que definiu o impeachment de Dilma Rousseff na Câmara, já fala em retaliações ao governo Michel Temer caso ele indique para a liderança do governo na Casa um nome do DEM ou do PSDB. Se o Planalto insistir, os deputados prometem instituir a “liderança da maioria” para concorrer com a do governo, enviando uma clara mensagem de fragilidade ao Executivo, que vende dias de tranquilidade nas votações de sua agenda econômica no Congresso.

Diga ao povo Os partidos do centrão, entre eles PP, PTB e PSC, estão incomodados com o poder do DEM, que levou a Educação e acumulou a pasta da Cultura.

Troca com troco Uma possibilidade de acordo chegou a ser aventada com a antiga oposição: um dos dois grupos assumiria a liderança do governo no Congresso, invertendo depois os papéis. O acerto ainda não vingou.

Ninguém se mexe O chanceler José Serra manterá o embaixador Sérgio Danese, secretário-geral do Itamaraty, bem como os demais integrantes da equipe.

Ninguém se muda No Ministério da Indústria, Comércio e Serviços, os secretários foram avisados de que todos na pasta permanecerão, incluindo o secretário-executivo, Fernando Furlan.

Ninguém se salva Pesquisa do Ipsos mostra que a imagem da classe política está em frangalhos. Para 86% dos entrevistados, falta um político a que se possa confiar e 79% não se sentem representados por nenhum partido.

No chão A confiança nas instituições está abalada. Mais de 50% não confiam no Congresso, nos governos municipal e estadual, nas eleições e nos sindicatos. Metade não confia no governo federal. As Forças Armadas estão melhores: só 20% não confiam.

Sarney

Não estou disposto Ao ser perguntado qual conselho daria a Michel Temer, o ex-presidente José Sarney, foi econômico: “Conselho e água benta só damos a quem pede”.

Vou precisar Dilma Rousseff pediu o Airbus presidencial — a aeronave que usava quando estava no exercício do cargo — para ir a Porto Alegre, onde vivem filha e netos.

Tem, mas acabou Mas a área militar negou a solicitação. A presidente afastada teve de visitar a família voando de Legacy, modelo usado por Michel Temer nos tempos de vice-presidente.

Tem, mas acabou 2 Ao deixar o Planalto, Dilma levou consigo os cargos de maiores salários, deixando Temer sem postos de alta remuneração para contratar sequer sua chefe de gabinete.

Se joga, querida Ao definir a estrutura que seria usada por Dilma no Alvorada, Renan Calheiros não especificou o número máximo de funcionários nem quantos cargos comissionados do alto escalão, os chamados DAS, ela teria direito.

Roda mundo Marco Aurélio Garcia, ex-assessor especial de Dilma, ficará encarregado de comandar a reação internacional ao impeachment. Um auxiliar diz que é preciso reunir o apoio de nações “menos bolivarianas”.

Oi, amigos! Um dos principais alvos serão os países do Brics — Rússia, Índia, China e África do Sul. Dilmistas não nutrem muita esperança de reverter a posição da Argentina, que tem se mantido neutra.

Quem ri por último Os vereadores de SP seguem dispostos a dar palavra final sobre o Uber. Apesar do decreto de Fernando Haddad ter regularizado o serviço, as negociações na Câmara seguem. “Lei é maior que decreto. Faremos a nossa”, diz um líder.

Todo mundo feliz A ideia é manter o Uber funcionando, mas fazer um aceno aos taxistas, acatando algumas das reivindicações.


TIROTEIO

O programa de cultura do presidente provisório Michel Temer é um verdadeiro filme de terror de péssima qualidade.
DO DEPUTADO CHICO D’ANGELO (PT-RJ), presidente da Comissão de Cultura da Câmara, sobre o fim do ministério na gestão do interino.


CONTRAPONTO

Não se afobe, não

O deputado Silvio Costa (PT do B-PE), um dos mais fervorosos defensores de Dilma Rousseff no processo de impeachment, falou certa vez no plenário da Câmara, quando ainda era do PTB, que as mulheres dos parlamentares deveriam ter o direito de viajar com seus maridos com dinheiro do erário.
A repercussão foi a pior possível. Costa decidiu então consultar o colega Armando Monteiro.
— Estou com medo de perder meus votos de opinião– disse, visivelmente preocupado.
— Fique tranquilo, a gente não perde o que não tem — rebateu o amigo.