Com PMDB na Lava Jato, Temer quer criar ministério do combate à corrupção
De beca nova A Controladoria-Geral da União ganhará nova roupagem — ao menos terá uma capa mais lustrosa. Michel Temer quer transformar a pasta em Ministério da Transparência e do Combate à Corrupção. Com tantos quadros do PMDB envolvidos na Lava Jato, o Palácio do Jaburu aposta em gestos simbólicos para tentar reduzir a má fama do partido. Criada por Lula, a Controladoria fiscaliza o próprio governo e toca os acordos de leniência com as empreiteiras acusadas de desvios.
Garanta o seu Preocupadas com as mudanças, empresas que estão em negociação avançada com a CGU tentam fechar seus acordos antes de o Senado votar o afastamento de Dilma — portanto, já na semana que vem.
De novo não A avaliação é que a chegada de um novo ministro atrasará mais uma vez a conclusão das negociações. Tem empresa que passará pelo quinto ministro da pasta em apenas um ano e meio.
Jogada segura Embora pensado para Advocacia-Geral da União, Alexandre de Moraes segue como carta na manga para a Justiça.
Por fora O ex-presidente da OAB, Marcus Vinicius Coêlho, foi indicado a Temer como outro bom nome para assumir a AGU. Mas há resistências.
Que fase O caixa está tão vazio que nem o DEM demonstra interesse em ficar com o Ministério da Educação, oferecido à sigla. O objetivo é assumir a pasta das Cidades, disputada pelo PSD e pelo PMDB da Câmara e do Senado.
Mão na massa Augusto Coutinho (SDD-PE) é o nome apresentado por Paulinho da Força para o Ministério do Trabalho de Temer.
Vem comigo O vice-presidente convidou Mozart Vianna, antigo secretário-geral da Câmara e um dos maiores conhecedores do regimento do Congresso, para integrar a nova gestão. Deve ajudar Geddel Vieira Lima na Secretaria de Governo.
Acusa o golpe O Planalto colocou a máquina para trabalhar contra propostas de Temer. O Desenvolvimento Social fez estudo para dizer que 36 milhões de beneficiários do Bolsa Família deixariam de ser prioridade. Outras pastas emitiram notas oficiais para rebater o vice.
Ô dúvida José Serra (PSDB-SP) ainda não decidiu se aceitará o convite para se tornar chanceler de Temer.
Sob medida Um dos principais aliados do vice-presidente indica que a ideia de levar parte do Mdic (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) para a pasta só seria executada se Serra assumir o Itamaraty.
No ringue Governistas ficaram extasiados com a peça pregada em Janaína Paschoal, autora do impeachment, por Randolfe Rodrigues (Rede-AP). “Só vou chamá-lo agora de ‘Roundolfe’. Foi um golpe no golpe”, diz Silvio Costa (PT do B-PE).
Blecaute Técnicos que atuam no comando de estatais temem a navalha de Michel Temer. Dizem que em instituições mais organizados, como Banco do Brasil e Petrobras, a troca da guarda generalizada provocará apagão em áreas sensíveis.
Visitas à Folha O vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC), e o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) visitaram ontem a Folha.
O ministro das Comunicações, André Figueiredo, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Bruno Ribeiro Cardoso, chefe da assessoria de comunicação, e Flávio Lenz, assessor especial.
Francisco José Barcellos Sampaio, presidente da Academia Nacional de Medicina, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Rubens Belfort Jr., vice-presidente, e Vanessa Pirolo, assessora de imprensa.
TIROTEIO
É uma traição. Não saímos às ruas por novas eleições. É uma tese que de forma alguma mobilizará os movimentos sociais.
DE RAIMUNDO BONFIM, coordenador da CMP (Central de Movimentos Populares), que integra a Frente Brasil Popular, sobre a ideia das “Diretas Já”.
CONTRAPONTO
Não está sendo fácil
Em seus giros pelo Estado, o secretário de Desenvolvimento Social de SP, Floriano Pesaro, parou em Bady Bassit, pequeno município de pouco mais de 16 mil habitantes próximo a São José do Rio Preto.
Na cidade, participou de evento, no qual foi ciceroneado pela primeira-dama bassitense, Rosana Amorim.
Após o compromisso, o prefeito, Edmur Pradela, foi ao seu encontro. Antes de cumprimentar o secretário, pediu à sua mulher um resumo.
— Ele distribuiu alguma coisa lá? — perguntou.
Ao que ela respondeu:
— Nessa crise? Distribuiu sim! Só cartão.