Dilma estuda reajustar o Bolsa Família antes de deixar gabinete presidencial

Painel

Caneta na mão Dilma Rousseff estuda reajustar o Bolsa Família antes de deixar o gabinete presidencial. A medida foi discutida na segunda (25) durante a reunião da petista com os movimentos sociais de apoio ao governo, que cobraram o anúncio. Para líderes dessas entidades, o aumento agradaria à base do PT e tiraria “o doce da boca de Michel Temer”, que promete elevar o valor do benefício ao assumir. Antes do impeachment, o governo programava o reajuste, mas só no segundo semestre.

Acho que sim No encontro com CUT, MST e MTST, Dilma não bateu o martelo, mas instruiu sua equipe a fazer cálculos e cenários para elevar o benefício. Entre os desenhos avaliados, está o reajuste “global” de R$ 1 bilhão.

Lavei as mãos O governo planejava decretar o aumento só após a revisão da meta de superavit para não passar a ideia de populismo fiscal.

Agiliza Temer fez um apelo a Renan Calheiros para que acelere a votação da nova meta fiscal, que precisa ser aprovada até 22 de maio para evitar novo contingenciamento. Ele prometeu convocar o Congresso assim que necessário.

Atrás da orelha Aliados de Temer consultam interpretações jurídicas sobre a regra de reajuste do salário mínimo. Querem saber o que fazer com o crescimento negativo do PIB em 2015.

Como faz? Prometendo cortes drásticos, Temer pensa em “bondades” para agradar à população e reduzir resistências ao seu nome.

Ajuda, querido Oito senadores estiveram com Lula na manhã desta quarta. Pediram que ele convença Dilma a encampar publicamente a defesa das “Diretas Já”.

Só eleição salva O ex-presidente ouviu que as cartas no Senado estão marcadas e que a causa é perdida. O melhor seria abraçar a tese. “Só Temer para chamar eleição de golpe”, diz um deles.

Corneta O deputado Wadih Damous (PT-RJ) apresentará projeto para que, em caso de impeachment, haja eleição direta. Não há chance de ser aprovado. A ideia é constranger Temer ainda mais.

Vem aí Já há decisão da Polícia Federal de ouvir Fernando Henrique Cardoso no caso da jornalista Mirian Dutra Schmid. A data do depoimento ainda não foi marcada.

Pra chamar de seu Gustavo Rocha, nome de Eduardo Cunha para o Conselho Nacional do Ministério Público, foi indicado para a Subsecretaria de Assuntos Jurídicos, cargo estratégico da Casa Civil. Sob Dilma, o posto é de Jorge Messias, o “Bessias”.

Outros carnavais Rocha é advogado do PMDB em várias ações eleitorais. Já defendeu o próprio Michel Temer.

Por fora Renato Ramos, advogado escalado por Cunha para auxiliar Jovair Arantes na comissão do impeachment, também foi indicado. Pode, no entanto, assumir outro cargo no governo.

No telhado Aliados do vice andam dizendo que o PSD de Gilberto Kassab já foi contemplado com a escolha de Henrique Meirelles para a Fazenda. “Nem vem. Não temos culpa de termos bons quadros”, reage um cacique.

temercampainha

Molecagem De um paulista sobre a ala do PSDB que pressiona a sigla a ficar fora do governo Temer: “Ia parecer criança que toca a campainha e depois sai correndo”.

Cara ou coroa Chefe do PR, Valdemar Costa Neto trabalha para que Dilma nomeie Giovanni Alves como vice-presidente corporativo da Caixa antes da decisão do Senado sobre o impeachment. Quer tentar reservar a vaga, cobiçada por outros aliados, para quando Temer assumir.

Só faltava essa Andrea Matarazzo, do PSD, diz que não há chance de concorrer como vice em São Paulo. “Fui convidado para ser candidato a prefeito. E serei”, diz.


TIROTEIO

A indicação de Anastasia transforma Aécio numa espécie de Cunha do Senado. Lá, foi vingança; aqui, ressentimento pela derrota.

DE JORGE VIANA (PT-AC), vice-presidente do Senado, sobre o PSDB ter indicado um aliado de Aécio para relatar o impeachment no Senado.


CONTRAPONTO

Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, ex-futuro ministro da Justiça de Temer, terminava de almoçar em São Paulo, quando foi informado de que a conta já havia sido paga.
O advogado se assustou e quis saber quem era o autor da gentileza. O garçom apontou para um canto do salão, de onde um homem fitava-o, sorrindo.
— Vai, ministro! — exclamou, com os braços para o ar.
O advogado aceitou o agrado. Mais tarde, ao narrar o episódio, comentou com interlocutores:
— Melhor que ser ministro é poder ser ministro!
Pouco depois, Michel Temer acabou descartando seu nome para o comando da pasta.