Para assumir ministério, Lula exige conversa com Dilma e garantia de que política econômica mudará
O último lance Ao saber que Lula voltaria para o Palácio do Planalto, Dilma mostrou-se “aliviada”. Já não se importa com a imagem de rainha da Inglaterra. Está disposta a “entregar tudo e mais um pouco” para que o petista socorra o governo, dizem assessores. Até porque, se tudo ruir, observa um ministro, ao menos o projeto não morre “só na mão dela”. Mas Lula impôs condições: só toma posse depois de uma conversa franca nesta terça e com garantias de que a política econômica mudará.
Leão da montanha Em um primeiro momento, o provável embarque de Lula provocará uma inflexão à esquerda. O petista só vê alguma saída para a crise se reconectar Dilma com a base social do PT, insatisfeita com a reforma da Previdência e com corte de gastos sociais.
Mexida Nelson Barbosa continuará à frente da Fazenda, ao menos por ora. Ricardo Berzoini, que deve perder a Secretaria de Governo para Lula, pode ficar como secretário-executivo da pasta.
Festa de Babette Fartos com o estilo Dilma de governar e ávidos por um “choque” capaz acordar a Esplanada, assessores e ministros celebravam o “novo governo”.
Vai com calma Apesar dos rojões, a tensão com a Lava Jato não se dissipou. Quem acompanha a investigação assegura que Dilma e alguns de seus auxiliares mais próximos terão dias de pesadelo pela frente. “Aí, nem Jesus…quer dizer, nem Lula salva”, pondera um ministro.
Mapa da guerra Semana passada, mesmo relutando a aceitar o convite de Dilma para integrar o governo, Lula trocou telefonemas com parlamentares para sondar a real situação do Congresso e verificar quais seriam seus focos mais emergenciais de atuação.
Sujou Peemedebistas empenhados no rompimento com a presidente ameaçam precipitar o divórcio. Temem que a chegada do ex-presidente ao Palácio do Planalto seja capaz de reaglutinar algum apoio dentro da sigla nos próximos 30 dias.
Tiro ao alvo Em sua delação, Delcídio do Amaral (PT-MS) não tem nada de franco-atirador. Suas acusações são certeiras. A imagem de metralhadora giratória fica melhor em Pedro Corrêa, que reservou uns cinco capítulos em sua colaboração só para Lula.
Só coisa difícil Em depoimento à PF, o ex-presidente Lula falou “não sei” 103 vezes. Usou a interjeição “hein?” outras 18 vezes. E ainda respondeu “não tenho noção” oito vezes.
Resistências Além de ter sido acusado pela PF de tentar obstruir investigações do mensalão, o subprocurador-geral da República Eugênio Aragão, que assumirá a Justiça, tem forte histórico de desavenças com o ministro do STF Gilmar Mendes.
Sabe de algo? Os investigadores da Lava jato andam fazendo perguntas específicas a alguns delatores e depoentes sobre o senador Aécio Neves (PSDB-MG).
Olha ele Um ponto das manifestações de domingo chamou a atenção do Planalto: Jair Bolsonaro (PSC-RJ) conseguiu discursar sem ser hostilizado. Foi um dos poucos.
Crème de la crème De um tucano sobre a adesão de correligionários ao “esquenta” no Maksoud Plaza, hotel de luxo em SP, antes da manifestação de domingo: “Temos agora o tucano petit four, a evolução do coxinha!”.
Visitas à Folha Francisco Falcão, presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Douglas De Felice, secretário de Comunicação.
Rodrigo Garcia, secretário da Habitação do Estado de São Paulo, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Roger Ferreira, assessor de imprensa.
TIROTEIO
Enquanto a recessão castiga os brasileiros, o governo e o PT só se preocupam em salvar a pele do Lula e livrar Dilma do impeachment.
DO DEPUTADO ANTONIO IMBASSAHY (PSDB-BA), sobre a decisão do governo Dilma de colocar o ex-presidente Lula novamente no Palácio do Planalto.
CONTRAPONTO
Estamos juntos
Durante intervalo na gravação de um debate na TV Câmara, um auxiliar aconselhou o deputado Silvio Costa (PT do B-PE) a arrumar suas meias para que saísse mais aprumado no vídeo. Ao ouvir a dica, o parlamentar foi logo reclamando:
— Poxa, todo mundo aqui arrumadinho e só agora você me avisa que preciso me ajeitar?
Não houve tempo sequer para o clima pesar. Ao lado de Costa, o deputado Esperidião Amin (PP-SC) rapidamente interveio na conversa.
— Mas eu não estou penteado! — disse, bem-humorado, o veterano parlamentar, que é calvo.