‘Não sou uma Brastemp, mas não sou burro’, diz Delcídio, negando ameaça a senadores
Não tem delação Doze quilos mais magro e empenhado em salvar seu mandato, Delcídio do Amaral (PT-MS) falou pela primeira vez após os 87 dias de prisão. Ele refuta, com veemência, a informação de que ameaça entregar colegas caso seja cassado. “Posso não ser uma Brastemp, mas não sou burro nem louco de botar o Senado contra mim”, diz ele. O senador também nega colaboração com a Lava Jato: “Não há delação premiada alguma. Minha defesa é boa. Será feita nos tribunais superiores”.
Eles sabem Segundo o petista, seus pares no Senado o conhecem bem. “Eles sabem que eu jamais faria isso”, completou. Ele promete dar explicações sobre o seu caso assim que apresentar sua defesa ao Conselho de Ética.
Preso, não Delcídio ainda avalia com advogados o melhor momento de voltar ao trabalho e afirma não estar em prisão domiciliar. “Estou em recolhimento noturno, uma medida cautelar. Prisão é cumprimento de pena e eu não fui condenado.”
Deixe estar A delação não combina com o propósito de tentar preservar seu mandato, pois pressupõe admitir crimes — o que poderia facilitar uma eventual cassação.
Perigo ao lado Não é só o julgamento de Dilma Rousseff no TSE que ganha força com as suspeitas sobre João Santana. O próprio impeachment, dormente até aqui, tende a recuperar o fôlego. “Tudo contra ela fica mais forte”, diz um adversário. O governo faz avaliação semelhante.
Será? A deposição presidencial via Congresso ainda é vista como o caminho mais curto para tirar a petista do poder. “O TSE busca provas. O Congresso busca símbolos”, sustenta um ministro da corte eleitoral.
Mexeu comigo O governo cogitou não se posicionar sobre o pedido de prisão de Santana. Até ver a oposição deitar e rolar vinculando o caso à campanha de Dilma. Irritou especialmente o Planalto a fala de Aécio Neves (PSDB).
Pra ontem As negociações para que Santana e sua mulher, Mônica Moura, se apresentem à PF já começaram. O casal foi alertado sobre o risco ser incluído na lista da Interpol se não agir rápido.
Wally O “japonês da Federal” não apareceu nas imagens da 23ª fase da Lava Jato. Newton Ishii está de férias.
Periculosidade “Há hoje duas profissões de risco no Brasil: tesoureiro e marqueteiro do PT”, ironiza um integrante da Lava Jato após a operação decretar a prisão de João Santana.
Mal me quer A defesa de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) faz comparações entre as manifestações da Procuradoria-Geral da República sobre o presidente da Câmara e Delcídio do Amaral para apontar perseguição por parte do Ministério Público.
Duas medidas No caso de Cunha, Rodrigo Janot pediu o afastamento do mandato mesmo sem decisão judicial, alegando risco ao inquérito. Já no caso do senador petista, recomendou que retome o cargo apesar da acusação de que tentou atrapalhar as investigações.
Chico e Francisco Um grupo de advogados simpáticos ao governo fará pedido à PF para que abra investigação contra Fernando Henrique Cardoso. Mirian Dutra diz ter recebido recursos de uma empresa no exterior a pedido do tucano.
Pressão Cerca de 30 empresários brasileiros se reúnem na quarta-feira (24) com o cônsul-geral dos EUA no Brasil, Ricardo Zuniga, para debater um acordo comercial. O governo é contra o movimento, mas a indústria não pretende desistir da ideia.
Influência Zuniga foi um dos responsáveis pela reaproximação dos EUA com Cuba. O encontro será coordenado por Frederico Curado, CEO da Embraer, e pela CNI.
TIROTEIO
Agora se explica a origem do ‘eu não sabia’ de Lula e Dilma: foi orientação do marqueteiro, que também ‘não sabia de nada’.
DE CARLOS SAMPAIO (PSDB-SP), sobre apontamento da PF de que o marqueteiro João Santana conhecia a origem irregular de pagamentos da Odebrecht.
CONTRAPONTO
Cada um no seu quadrado
Em recuperação após um grave acidente esportivo durante as férias, o secretário de Desenvolvimento Social de São Paulo, Floriano Pesaro, recebeu um telefonema do chefe, o governador Geraldo Alckmin.
O tucano queria saber como estava o quadro clínico do auxiliar e desejar-lhe um rápido retorno.
Antes de desligar, o governador alertou Pesaro:
— Floriano, esportes radicais são para os jovens…
E emendou:
— Na sua idade e com suas atuais habilidades esportivas, recomendo que você pratique xadrez, dama ou, no máximo, sudoku! — divertiu-se.