Derrota de Eduardo Cunha não significa sossego de Dilma no processo de impeachment
Não terminou Com a recondução de Leonardo Picciani à liderança do PMDB, o governo precisará avançar sobre o grupo de 30 eleitores de Hugo Motta para assegurar cenário favorável dentro do partido contra o pedido de impeachment de Dilma Rousseff. A equipe da presidente sabe que a vitória não é sinônimo de tranquilidade. Afinal, Eduardo Cunha segue com poder sobre outros partidos e caneta nas mãos. Ele promete “guerra” a Picciani. E isso significa guerrear contra o Planalto.
Combate franco Aliados de Cunha dizem que, além de contar com os 30 deputados que votaram em Motta para patrocinar chapas avulsas nas comissões, o presidente da Casa exerce influência poderosa sobre as bancadas de PP, PR, PTB e PSC.
Pra cima O governo espera que Picciani exerça uma espécie de “atração gravitacional” sobre os deputados hoje afinados com Cunha. Quer que o aliado se apresente como alternativa para assumir a presidência da Câmara.
Vai um macarrão? Antes da votação, aliados de Picciani diziam que a comemoração estava garantida, mas o cardápio do jantar seria definido após a contagem dos votos. “Se chegar nos 40 será filé mignon. Se bater 48, vai ter caviar!”. Não havia plano para só 37 votos.
E na próxima? Peemedebistas avaliaram que o envolvimento do governo na disputa pode dificultar votações futuras. A fatura cobrada pelos eleitores de Picciani foi alta e o Planalto pode não ter mais o que entregar.
Não dá para adiar Na tentativa de convencer petistas sobre a necessidade da reforma da Previdência, o ministro Nelson Barbosa (Fazenda) disse que o mundo inteiro enfrenta o deficit no sistema de aposentadorias. Disse o mesmo sobre a crise climática internacional.
E digo que Senadores do PT argumentaram, durante encontro com Barbosa, que a reforma tira o pouco de apoio que restou ao partido. O governo avalia que ainda não conseguiu virar nenhum voto, mas está conseguindo acalmar a bancada.
Agilidade A PF reforçará o time de especialistas em crimes contra a administração pública e em lavagem de dinheiro que auxilia o STF na análise dos documentos da Lava Jato.
Vão pedir música Dilma entrega ao TSE nesta quinta (18) defesa numa das ações em que o PSDB pede a cassação de seu mandato. O texto repetirá argumentos jurídicos apresentados por Temer e ressaltará que é a terceira vez que tentam na corte o que não conseguiram nas urnas.
Pressão Deputados federais do PT, PCdoB, PSB e PSOL enviaram ao ministro Marcelo Castro (Saúde) pedido de substituição de Valencius Wurch da Coordenação de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas. O deputado Chico DAngelo (PT-RJ) circula com um abaixo-assinado.
Muita calma O Ministério da Saúde defende o assessor. Afirma que Wurch “reforça a política nacional de saúde mental”, que atua há 33 anos na saúde pública, além de ter atuado na área acadêmica. Valencius Wurch foi indicado para o cargo pela bancada do PMDB do Rio.
De folga O deputado federal Ricardo Tripoli (PSDB-SP) tirou duas semanas de licença não remunerada da Câmara para se dedicar às prévias tucanas em SP. Último a se candidatar, ele disputa a vaga para ser candidato a prefeito pelo partido.
Eu fico O vereador Andrea Matarazzo (PSDB-SP), que também disputa o posto, afirma que manterá a agenda na Câmara Municipal. A votação interna para a escolha do candidato ocorrerá em 28 de fevereiro.
Apoio Os cinco deputados estaduais paulistanos do PSDB prepararam manifesto em apoio a Matarazzo. Ele já recebeu apoio dos vereadores da capital.
Visita à Folha Bernardo Paiva, presidente da Ambev, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Pedro Mariani, vice-presidente jurídico e de relações corporativas, e de Heloisa Joly, gerente de comunicação externa.
TIROTEIO
Os governos do PT levaram o Brasil a um verdadeiro estado de sítio. O problema é que não assumem nem a propriedade do sítio.
DE NILSON LEITÃO (PSDB-MT), deputado federal, sobre a crise política e econômica do país e as acusações de que Lula é dono de um sítio em Atibaia.
CONTRAPONTO
Saudades do pãozinho
Reunidos no Ministério da Fazenda, parlamentares do PT debatiam com Nelson Barbosa a intenção do governo de tocar a reforma da Previdência, tema caro ao partido.
Após algumas xícaras de café, o senador Paulo Rocha (PA) perguntou se não havia um sanduíche ou mesmo um pão de queijo para aplacar a fome e embalar a conversa.
— O ajuste fiscal acabou com tudo — lamentou de pronto um dos presentes ao ouvir o pedido.
Ao que Rocha, então, respondeu:
— Poxa, não tem nem mais um pão com “Mantega” por aqui? — forçando um trocadilho com o nome do ex-ministro Guido Mantega e com a falta de quitutes à mesa.