Nelson Barbosa rechaça proposta de usar reservas cambiais para financiar projetos de infraestrutura
Nem pensar Em conversas reservadas, o ministro Nelson Barbosa (Fazenda) rechaçou a proposta de usar as reservas cambiais para bancar projetos de infraestrutura. A medida, uma bandeira do PT, é “papo de boteco”, dizem auxiliares da pasta. Para viabilizá-la, o BC teria de reduzir as operações compromissadas (ações para calibrar a oferta de dinheiro na economia) e perderia poder de fogo como autoridade monetária. Barbosa, segundo relatos, classificou a ideia como “primária”.
Colchão As reservas do país em moeda estrangeira chegaram a US$ 368,6 bilhões na sexta (18). A situação ainda é muito confortável. Mas, desde o início do ano, o saldo já caiu mais de US$ 4,8 bilhões.
Faltaram os russos A pressa do governo para tirar do papel a reforma da Previdência esbarra, mais uma vez, no Legislativo. Apesar do trânsito de Barbosa com o Congresso, as eleições de 2016 e as discussões sobre o impeachment tendem a bloquear o avanço da medida.
Estátua! Também contribui para a lentidão a dúvida lançada por Eduardo Cunha sobre o formato das próximas eleições para o comando das comissões permanentes.
Vem aí O relatório final da CPI do BNDES, em especial a parte que tratará da área de “contratos internos” do banco de fomento, pegará pesado com a JBS.
Wally O sub-relator do parecer, deputado tucano Alexandre Baldy (GO), atira: “tinha um diretor da empresa que vivia fazendo lobby no Congresso e, após o início da comissão, simplesmente desapareceu”.
Armistício O jantar do PMDB do Rio com Michel Temer no domingo (20) serviu para colocar a bola no chão. O ex-governador Sérgio Cabral disse que não há conspiração para tomar o comando da sigla e disse apoiar a recondução do vice para a direção nacional da legenda.
Amigos, amigos Mas que Temer não se engane. “Renan nos ajudou a manter o líder Leonardo Picciani. Temos gratidão e compromisso com ele”, alertou um cacique do Rio.
Aqui não Contra acusações de ser pressionado por Cunha, Temer diz não ter medo nem sofrer chantagem. “Ele só não aceita ser atacado parado”, afirma um auxiliar.
Lupa A tropa de Temer coleciona votos antigos de ministros do Supremo nos quais vê sinalizações contrárias à decisão da própria corte sobre o rito do impeachment, como a determinação de que a comissão seja composta por indicações dos líderes.
Veja só “É inegável que conferir superpoderes a alguns parlamentares subverte a própria ideia de representação democrática”, escreveu Marco Aurélio Melo sobre os líderes, em voto que aliados do vice carregam a tiracolo.
Brancaleone A equipe de Temer reclama que, enquanto o governo tem ao seu lado sete ministros do PMDB, o governador e o prefeito do Rio, ele conta com dois “desempregados”. A saber: os ex-ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco.
Não fecha De Eduardo Cunha a aliados: “Janot tem a pachorra de dizer que o deputado Heráclito Fortes apresentou um projeto para evitar que o Júlio Camargo me atingisse em delação premiada. Só que a denúncia do Janot contra mim, com base no Júlio, é de 20 de agosto. O projeto veio só sete dias depois”.
Só no sapatinho O empresário João Dória, pré-candidato tucano à prefeitura de SP, está decidido a manter a “linha fina” diante da reação enérgica de colegas de partido ao apoio de Geraldo Alckmin à sua candidatura.
Coxinha da paz “Às vezes, o trabalho e o bom resultado incomodam”, esforça-se para alfinetar. “Nosso adversário não está dentro do partido, mas fora dele”.
TIROTEIO
Nelson Barbosa colaborou com a crise. E, para ele, valeu a pena. Foi promovido e conta com a confiança total de Dilma Rousseff.
DO DEPUTADO BRUNO ARAÚJO (PSDB-PE), sobre a escolha de Barbosa, que foi secretário-executivo na gestão Guido Mantega, para suceder Levy na Fazenda
CONTRAPONTO
PRESENTE OU CILADA?
Em reunião no Palácio do Planalto com sindicalistas e empresários na semana passada, Miguel Torres, presidente da Força Sindical, levou uma agenda de 2016 como presente para Dilma Rousseff.
— Presidenta, a agenda está vazia. Esperamos que suas datas sejam preenchidas com registros de queda dos juros, geração de empregos, aumento para os aposentados, reajuste para os servidores e crescimento do PIB — tascou o sindicalista ao entregar o agrado, quase que num fôlego só.
Dilma olhou firme para Torres. Esboçou em seguida um sorriso amarelo e apenas sussurrou um “obrigada”.