Oposição fala em romper com Cunha caso surjam provas de corrupção
Vão-se os anéis A promessa de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) de que decidirá sobre todos os pedidos de impeachment –inclusive o de Hélio Bicudo– em até 15 dias foi vista como a última cartada do presidente da Câmara na tentativa de manter a oposição ao seu lado. PSDB e DEM, no entanto, já fizeram chegar ao peemedebista que, tão logo e se aparecer prova de que ele mentiu em depoimento à CPI da Petrobras e tem mesmo conta no exterior, o alinhamento hoje vigente vai ruir.
Simples assim O efeito na oposição sobre as revelações do dinheiro de Cunha no exterior foi assim resumido por um deputado: “Resta agora rezar para que a conta só apareça mesmo depois da votação do impeachment”.
Nem um pio Aliados de Dilma Rousseff lembram que, toda vez que o peemedebista se sentiu por algum motivo encurralado, veio uma reação forte contra o Planalto.
Pode vir quente Dirigentes petistas mais afoitos já começam a defender que o governo pare de tentar evitar que a discussão sobre o impeachment de Dilma chegue à Câmara. Acham que o fôlego obtido com a distribuição de cargos na Esplanada aliado ao enfraquecimento de Cunha fará com que o Planalto consiga assegurar a rejeição de qualquer pedido.
Fervendo Em café com deputados ligados ao esporte, Cunha voltou a se dizer alvo de perseguição. Vicente Cândido (PT-SP) se solidarizou, dizendo que o mesmo ocorria com seu partido. Cunha, que vive às turras com o PT, apressou-se a deixar claro que cada caso é um caso.
Verão passado O passatempo de parlamentares em plenário nesta quinta-feira era listar colegas que, a exemplo de Cunha em sessão da CPI da Petrobras, foram alvo de desagravo quando vítimas de denúncias incipientes. Demóstenes Torres, José Roberto Arruda e Luiz Estevão figuravam na relação. Todos, passado alguns meses, “desabaram”.
Oculto A oposição conseguiu tirar da pauta da CCJ projeto da deputada Soraya Santos (PMDB-RJ), aliada de Eduardo Cunha, que defende o “direito ao esquecimento”. A ideia é fazer com que nomes e referências de políticos envolvidos em escândalos que não foram julgados não possam ser citados em sites ou em redes sociais.
Me dê motivos As investigações da Polícia Federal que chegaram a um suposto esquema de lobby e corrupção com o objetivo de “comprar” uma medida provisória no governo Lula ressuscitaram a pressão do PT pela substituição do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.
Fogo amigo A bancada petista, que reclama de não se sentir representada pelo ministro, voltou a insistir para que Dilma o substitua pelo deputado Wadih Damous (PT-RJ). Mas a presidente fez chegar a Cardozo que resistirá em sua manutenção no cargo, por considerá-lo praticamente seu último homem de confiança no governo.
Contando Cardozo carrega a tiracolo uma lista dos ministros da Justiça com mais tempo no cargo. Ele é o terceiro, atrás de Ibrahim Abi-Ackel e Armando Falcão, que atuaram na ditadura militar. Aos mais próximos, tem dito que não tem a intenção de quebrar nenhum recorde.
Sem saída A decisão de Dilma de não entregar o Ministério dos Portos ao PMDB da Câmara se consolidou depois que ela foi convencida de que o líder do partido na Casa, Leonardo Picciani (RJ), não tem tanto controle da própria bancada, ao contrário do que o próprio sugere.
Nem-nem Auditoria encomendada pelo PSDB sobre supostas fraudes nas urnas eletrônicas na eleição de 2014 não deve ser conclusiva. A expectativa é que a apuração sustente que, sem a impressão em papel dos votos, é impossível atestar a existência de fraude em um pleito.
Tesourada As restrições orçamentárias do governo levaram o Itamaraty a cortar assinaturas de jornais e revistas que a maior parte dos diplomatas recebe. O fim dos contratos garantirá uma economia, segundo o ministério, de R$ 337 mil por ano.
TIROTEIO
Na Olimpíada petista, o filho do Lula mostra que sua empresa de marketing esportivo é ouro em oportunidades de negócios.
DO DEPUTADO ROCHA (PSDB-AC), sobre a firma de Luís Cláudio Lula da Silva ter recebido R$ 2,4 milhões de consultoria suspeita de atuar para montadoras.
CONTRAPONTO
Patrulheiro rodoviário
O deputado Raul Jungmann (PPS-PE) virou alvo de piada dos colegas nesta quinta-feira ao aparecer na Câmara com estilo um tanto diferenciado. Estava de óculos escuros com lentes grandes e redondas, escondendo quase todo o rosto.
–E esses óculos de bicheiro? –provocou Darcísio Perondi (PMDB-RS).
Jungmann entrou na brincadeira e devolveu a provocação, para risada geral:
–Você está é com inveja!