Dilma monta força-tarefa para barrar avanço do impeachment no Congresso

Painel

Excel do impeachment Diante do avanço do movimento pró-impeachment no Congresso, Dilma Rousseff montou nos últimos dias uma “força-tarefa” integrada por ministros de sua confiança para mapear os apoios de que o governo dispõe. O pente-fino será feito “partido a partido, Estado a Estado”, cotejando cargos sob influência dos parlamentares e suas votações em projetos de interesse do governo. A intenção é chegar ao número de votos para barrar um processo e para aprovar novas medidas de ajuste fiscal.

Como assim? Um dos aliados na lista negra é o deputado Baleia Rossi, presidente estadual do PMDB-SP. O governo listou vários cargos ligados a ele. “E ainda assim conspira contra a presidente”, aponta um ministro.

Front inimigo O mapeamento do governo mostra, ainda, possíveis votos pró-Dilma na oposição. Foram detectados quatro deputados no SD que não apoiariam o impeachment. Haveria defecções também no DEM.

Réquiem Dirigentes peemedebistas pró-impeachment já esboçam o documento que deve ser apresentado no congresso do partido, marcado para 15 de novembro. A peça deve fazer uma crítica incisiva à política econômica do governo.

Esboço Parlamentares que defendem que Dilma encampe a proposta de taxar lucros e dividendos querem usar minuta da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR).

Deu ruim Em acordo com o Ministério do Planejamento, a ex-ministra incluiu emenda com a proposta de taxação no projeto que mudou a cobrança de PIS/Cofins e CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido), mas a retirou por falta de consenso.

Uma coisa O Ministério Público Federal junto ao TCU considera que o argumento mais frágil da defesa do governo às irregularidades das contas de Dilma em 2014 é o que compara as pedaladas ao que ocorria no governo FHC.

Outra coisa 1 Segundo os procuradores, houve aportes de pequenos volumes de recursos dos bancos para complementar pagamentos de programas na gestão tucana.

Outra coisa 2 Já no caso de Dilma, o MP aponta uma política “deliberada” de usar recursos dos bancos para pagar benefícios sociais a partir do segundo semestre de 2013.

Coadjuvante Reconhecendo que está a “1.000 quilômetros de distância” das apurações da Lava Jato, a cúpula da CPI da Petrobras deve produzir um relatório final focado em projetos legislativos.

Para a frente Quatro temas devem nortear o texto: governança de estatais, lavagem de dinheiro, delação premiada e a possibilidade de prisão de réus a partir da condenação em segunda instância, ideia defendida pelo juiz Sergio Moro no Senado.

Café com leite Empresários do setor de mineração se irritaram com o ministro Eduardo Braga (Minas e Energia), que confirmou presença no congresso da área, em Minas Gerais, mas foi com Michel Temer para a Rússia.

Longe daqui “Ele pode ser ministro de energia, mas parece que de minas ele não é”, brinca um empresário.

Milhas Ministros questionam as reclamações de Joaquim Levy pelas derrotas sofridas nas discussões sobre a política econômica do governo. Dizem que o titular da Fazenda nunca está em Brasília nos momentos de decisão.

Sem continência Um dos itens que mais irritaram os comandantes das Forças Armadas no decreto 8515 foi o que transferia ao ministro da Defesa o poder de definir o currículo ministrado em colégios e academias militares.

Missão Geraldo Alckmin tem dito que o desafio do candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo será chegar ao segundo turno. Uma vez lá, o governador acha que o tucano passa a ser favorito.

Caroço A representação que o Ministério Público de São Paulo recebeu apontando irregularidades na arrecadação com multas de trânsito na cidade diz que, ao invés de serem usados para melhorar o trânsito, os recursos vão para empresas de transporte.


TIROTEIO 

A presidente precisa saber que o Brasil já repudia a catástrofe. Mesmo porque catástrofe é o outro nome de seu governo.

DO SENADOR AÉCIO NEVES (MG), presidente do PSDB, sobre a presidente ter dito que é preciso “repudiar os que querem sempre o desastre” e a “catástrofe”.


CONTRAPONTO

Múltipla escolha

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Crianças de uma escola de Brasília que visitavam o Congresso na sexta-feira respondiam a uma chamada oral da professora no saguão de entrada:
–Aqui nós estamos em que Poder? Depois de respostas variadas, ela explicou aos alunos que o Legislativo era diferente do Executivo. E voltou a perguntar:
–E quem é o chefe do Poder Executivo?
A resposta “Dilma”, em coro, foi abafada por um dos garotos, que gritou mais alto:
–É o Michel Temer!