Governo já teme ‘pauta-bomba’ na Câmara em caso de vitória de Cunha

Painel

Os aneis e os dedos Dilma Rousseff teme, caso Eduardo Cunha (PMDB-RJ) seja eleito presidente da Câmara, ficar sem aliados no comando das comissões –porta de entrada dos projetos de lei de interesse do governo– e ser surpreendida por uma “pauta-bomba”. O peemedebista tem prometido que votará a redução do percentual da receita que o governo pode usar livremente (a chamada DRU) e levará a plenário, já nesta semana, o Orçamento impositivo, que obriga o governo a liberar recursos para emendas.

Curto prazo A ideia é votar no primeiro semestre a prorrogação por apenas um ano da DRU, que permite que o governo use livremente 20% de suas receitas. Em 2011, o Congresso foi mais generoso e estendeu a desvinculação por quatro anos.

Tesoureiro Uma das razões elencadas por vários deputados para hipotecar apoio a Cunha é a atuação direta do peemedebista para que empresas fizessem doações que foram fundamentais na reeleição de vários deles.

Não vai… Adversários de Cunha estudam fazer um requerimento à Mesa para que haja proibição de uso de celulares no plenário da Câmara durante a eleição.

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… ter selfie Boatos dão conta de que o QG de Cunha estaria exigindo fotos da urna eletrônica para comprovar votos no peemedebista.

Nota 10 Questionados sobre as razões para a exigência da foto, um petista arrisca: “Sabe aquele bom aluno que leva o boletim para a mãe para ganhar um presente? Então…”.

Valeu Arlindo Chinaglia (SP) telefonou para o senador eleito José Serra (SP) para agradecer a declaração do tucano favorável a um apoio ao petista num eventual segundo turno contra Cunha.

Só que não No entanto, tucanos dizem que, nesse cenário, a bancada votará em peso no peemedebista.

No lápis A ministra Kátia Abreu (Agricultura) e o senador Romero Jucá (PMDB-RR), encarregados de contar votos na sucessão do comando do Senado, apontam 46 votos “seguros” em Renan Calheiros (PMDB-AL), margem considerada muito apertada.

Voo solo Marta Suplicy (SP) não deu explicações para sua ausência na reunião da bancada do PT que discutiu a posição do partido na eleição do Senado. Há poucos dias, disse a um colega que votaria em Renan.

Fazer o quê? Ministros de Dilma relatam que a adoção da candidatura de Luiz Henrique (PMDB-SC) pela oposição forçou um engajamento que o palácio não queria ter na reeleição de Renan.

Nós e eles Antevendo a oportunidade, Renan, que andava desgastado com o governo graças à composição do primeiro escalão, adotou o discurso de que sua derrota seria a vitória de Aécio Neves (PSDB-MG) sobre Dilma.

Inflexível A Força Sindical quer levar uma ação de inconstitucionalidade já pronta para a reunião de terça-feira com ministros sobre as medidas provisórias que impõem regras mais rígidas para concessão de benefícios trabalhistas e previdenciários.

Fecha o chuveiro O governo federal considera real o risco de que a crise hídrica de São Paulo se repita no Rio e vai cobrar do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) medidas para racionalizar o consumo e ampliar o tratamento de esgoto.

Caminhão-pipa As obras e medidas de aperto no consumo que o governo discute com Rio e Minas levam em conta que a água desses Estados poderá ser usada para socorrer São Paulo.


TIROTEIO

Sem escrúpulos, o PT construiu tal supremacia que tem duas chances de vitória no Senado. Nem um nem outro criará dificuldade a Dilma.

DO SENADOR ALVARO DIAS (PSDB-PR), sobre a disputa entre Renan Calheiros e Luiz Henrique; para ele, no entanto, o segundo teria mais autonomia.


CONTRAPONTO

Ouça um bom conselho

Na reunião que fez com seus apoiadores na sexta-feira, Renan Calheiros (AL) contou que o também peemedebista Luiz Henrique (SC) demonstrou autoconfiança quando foi comunicá-lo sobre sua decisão de enfrentá-lo na eleição para a presidência do Senado.
–Renan, sou experiente. Nunca perdi uma eleição –disse o senador dissidente.
Favorito na disputa, o atual presidente da Casa não se abalou e devolveu na mesma moeda:
–Acho que sou mais experiente que você, porque já perdi mais de uma. E vou te dizer uma coisa: é duro!