Para derrotar PT, eleitor mais rico e escolarizado troca Aécio por Marina

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A elite marinou Os eleitores mais ricos e escolarizados continuam a trocar Aécio Neves (PSDB) por Marina Silva (PSB). Entre os brasileiros com renda familiar acima de 10 salários mínimos, o tucano caiu 13 pontos em duas semanas, de 38% para 25%. A ex-senadora subiu 14 e avançou de 27% para 41%. Na faixa com ensino superior, Aécio perdeu 12 pontos e foi de 31% a 19%. Marina ganhou 12 e saltou de 30% para 42%. O índice de Dilma Rousseff (PT) variou pouco nos dois grupos, mostra o Datafolha.

A partilha No segundo turno, Dilma começa a atrair eleitores de Aécio que antes migravam para Marina. Há uma semana, 64% dos aecistas preferiam a ex-senadora, e 18% iam para Dilma. Agora a divisão é de 59% a 24%.

Aproximou A vantagem de Marina para Dilma no segundo turno caiu de 27 para 15 pontos nas cidades médias, onde a ex-senadora tinha seu melhor desempenho. A candidata do PSB caiu de 59% para 52%. A petista subiu de 32% para 37%.

Sem euforia Apesar do ânimo com a estabilização de Marina, o Planalto prevê uma disputa “parelha” até o fim do primeiro turno.

Toca o medo Para a campanha petista, a exploração de contradições e recuos de Marina levou insegurança a eleitores que simpatizam com ela. O PT pretende manter essa estratégia para evitar que o voto anti-Dilma migre todo para a ex-senadora.

Levanta-te e anda Os dilmistas agora esperam que Aécio intensifique os ataques a Marina. “Ele não pode jogar a toalha. Se encontrar a forma certa de bater, vai começar a recuperar votos”, diz um conselheiro da presidente.

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Dança da chuva Petistas brincaram que o inesperado temporal de ontem à tarde em Brasília foi um prenúncio da recuperação nas pesquisas. “É a chuva da virada!”, animou-se um aliado de Dilma.

Antes era assim Mais uma para a lista dos vaivéns de Marina. A candidata, que agora se diz contra a revisão da Lei da Anistia, pensava o contrário antes de disputar a Presidência. Ela defendia a punição de militares acusados de torturar na ditadura.

Agora é assado Em 2008, Marina escreveu em artigo na Folha: “A tortura é crime hediondo, não é ato político nem contingência histórica. Não lhe cabe o manto da Lei da Anistia”. Ontem, em sabatina no portal G1, declarou que é contra rever a lei.

Terra sagrada A ex-senadora declarou à Justiça Eleitoral que possui um sítio no Acre batizado de “El Shaddai”. Em hebraico, isso significa “Deus todo poderoso”.

Paz e amor Marina não planeja contra-atacar Dilma e Aécio na propaganda de TV. Por ora, continuará a fazer isso em entrevistas e sabatinas.

Vai dar quorum Preso em Curitiba, o advogado Carlos Alberto Pereira da Costa deu depoimento quente à Justiça Federal na semana passada. Contou que “vários deputados” visitavam o doleiro Alberto Youssef na sala em que ele recebia pagamentos investigados pela PF.

Fala, doutor! Costa está disposto a revelar quem foram os visitantes, diz sua defesa. Mas o juiz Sérgio Moro pediu que ele omitisse os nomes dos parlamentares no depoimento, já que eles só podem ser investigados pelo Supremo Tribunal Federal.

Amigo do peito O advogado confirmou que um helicóptero apreendido durante a operação “era de propriedade do deputado Luiz Argôlo” (SDD-BA), próximo ao doleiro. A aeronave seria registrada futuramente em nome da GFD, empresa de Youssef.


TIROTEIO

“O José Agripino foi um traidor pior do que Calabar. Ele tinha que dizer que faltam 30 dias e que o Aécio será eleito presidente.”

DO DEPUTADO PAULO MALUF (PP-SP), sobre a declaração de José Agripino (DEM-RN) de que Aécio apoiará Marina Silva no 2º turno; o senador já recuou.


CONTRAPONTO

O fígado da Amazônia

Na visita de ontem à Faculdade de Medicina da USP, Marina Silva relembrou uma das primeiras vezes que foi a São Paulo, para tratar uma hepatite.
A presidenciável ficou internada no Hospital das Clínicas. Um dia, o médico foi visitá-la em seu quarto, acompanhado de uma turma de residentes.

—Olha o que eu tenho aqui: um fígado da Amazônia! —disse o médico aos alunos, segundo relato de Marina.
Depois das risadas da plateia, a candidata prosseguiu:
—Todos abriram um sorriso, e eu fiquei encolhidinha ali, pensando: “Oba, já estou virando objeto de estudo!”