PSB paulista faz manifesto pró-Alckmin para entregar a Campos

Paulo Gama
Eduardo Campos em encontro partidário no Rio de Janeiro (Foto Daniel Marenco/Folhapress)

Aliados do deputado Márcio França, presidente da seção paulista do PSB, organizam um manifesto em defesa do apoio da sigla à reeleição de Geraldo Alckmin (PSDB).

Com isso, tentam forçar o partido a rever a decisão de ter candidatura própria no Estado, tomada depois de Eduardo Campos,  presidente nacional pessebista, se aliar a Marina Silva. A intenção é entregar o abaixo-assinado ao ex-governador.

O grupo dos descontentes dentro do PSB é encabeçado pelo próprio França e pelos prefeitos das duas maiores cidades controladas pelo partido, Jonas Donizette (Campinas) e Valdomiro Lopes (São José do Rio Preto). O manifesto foi disparado a filiados ontem para colher assinaturas.

Antes do acordo entre Campos e Marina, o partido apoiaria a reeleição de Alckmin em São Paulo. Com a união e a resistência de Marina em se aliar ao tucano, acertou-se uma candidatura própria da sigla, que apresentou o nome de França. Ele, no entanto, é rechaçado pelos aliados de Marina.

No texto, os apoiadores de França dizem que há “um massacre e um total desrespeito” do grupo marineiro ao deputado. Sugerem que a Rede de Marina apoie Vladimir Safatle (PSOL) “ou outro candidato qualquer” ao governo para que o PSB “fique liberado para seguir sua estratégia anteriormente traçada: de apoio à candidatura de Geraldo Alckmin”.

O texto diz que a proposta “teria apoio do coordenador da Rede-SP, companheiro Célio Turino”. Ele reage: “Todo mundo tem o direito de fazer quantos manifestos quiser, mas eles não têm direito de usar indevidamente meu nome. Mas não quero tensionar em torno disso”, diz.

Intitulado “Manifesto paulista pela vitória Eduardo/Marina”, o documento também argumenta que a aliança com Alckmin alimentaria o voto casado no tucano para o governo e em Campos para a Presidência. Diz que a sigla se aproximou do Palácio dos Bandeirantes com esse intuito e que fez o mesmo em Estados como Minas Gerais e Paraná.

“Visando a atrair os votos do PSDB paulista, que não são simpáticos à candidatura de Aécio Neves à Presidência da República, o PSB-SP estreitou as relações com o governador e com todo o governo paulista.”

Leia abaixo o manifesto.

Manifesto Paulista pela vitória de Eduardo/Marina

                                 Nós, prefeitos, vice-prefeitos, deputados federais, deputados estaduais, vereadores, ex-prefeitos, ex-deputados e pré-candidatos 2014, todos do estado de São Paulo, mas, antes e acima de tudo, Militantes do PSB, nos sentimos na obrigação de tornar Pública e Oficial nossa posição em relação às eleições 2014, em nosso Estado:

1 – O PSB/SP, seguindo orientação da Direção Nacional, disputou, com candidatura própria, o Governo do estado nas três últimas eleições.

2 – Autorizado pela Direção Nacional, aceitou convite para participar do governo do PSDB, assumindo a Secretaria de Estado de Turismo. Naturalmente, esta parceria ampliou a relação PSB/PSDB, no estado de São Paulo, o que possibilitou o apoio recíproco em diversas e importantes cidades paulistas, onde o PSB foi vitorioso: Campinas, São José do Rio Preto, entre outras.

3 – Também, em consonância com a Direção Nacional, recebeu diversas pré-candidaturas oriundas de dissidências do PSDB e aliados, tanto para Deputado Federal, quanto para Estadual. Visando a atrair os votos do PSDB paulista, que não são simpáticos à candidatura de Aécio Neves à Presidência da República, o PSB/SP estreitou as relações com o governador e com todo o governo paulista. Tal estratégia foi a mesma adotada pela Direção Nacional do PSB nos estados de MG, PR, AL, PA, entre outros. Aliás,  esse era o indicativo tomado pela executiva nacional do PSB:

– onde houvesse real possibilidade de vitória, lançaríamos candidato a governador. Onde não houvesse, não coligaríamos com PT e usaríamos como estratégia a divisão dos votos do outro concorrente.

4 – Vale ressaltar que desde a primeira hora, o PSB/SP foi um forte defensor-incentivador da saída do partido do Governo Dilma e do lançamento da candidatura de Eduardo Campos à Presidência da República.

5 – Ainda, em atendimento à Direção Nacional, O PSB/SP acolheu prontamente a REDE, compartilhando desde sua sede-física até cargos de direção do partido, mantendo reuniões constantes visando à integração e ao engajamento dos militantes.

6 – No início deste ano, o Presidente do PSB/SP informou à sua Executiva que a REDE/Nacional defendia, como estratégia em São Paulo e em outros estados, o lançamento de candidaturas próprias aos Governos.

7 – Mesmo contrariando sua estratégia inicial, o PSB/SP aquiesceu a ideia e indicou o nome do Deputado Federal Marcio França para disputar a vaga de candidato ao Governo de São Paulo.

8 – Para nós, a indicação era e é inconteste, já que se trata do nome do presidente do PSB em São Paulo, o Deputado Federal Márcio França, que além de preencher os requisitos de formação, fidelidade partidária e trajetória política, ainda tem o mérito de ser o principal responsável pela reconstrução do PSB no estado e pelo sucesso da última eleição que resultou na  maior bancada socialista na Câmara dos Deputados.

9 – Entretanto, para nosso espanto e indignação, temos assistido, pela mídia e pelas redes sociais, a um verdadeiro massacre e um total desrespeito ao PSB e ao nome e história de vida do Deputado Márcio França. Fomos surpreendidos pela informação de que a REDE/SP, além de vetar o nome do companheiro, apresentou  nomes que consideramos inconsistentes para a relevância do cargo. O veto ao nome do partido é inadmissível.

10 – Defendemos que o lançamento de uma candidatura com a conformação defendida pela REDE ou uma candidatura em conflito com a REDE (sem expressão, sem tempo de televisão, sem recursos e  contrariando a nossa militância partidária) coloca em risco o projeto nacional. O PPS também já se manifestou contrário a essa proposta.

11 – Ressaltamos que estamos a um mês das convenções, o PSB/SP não reuniu ainda seus candidatos Federal/Estadual (250 líderes Políticos) com os candidatos da chapa presidencial, nem seus prefeitos, vereadores, enfim, estamos vivendo um empasse que  poderá nos levar a um prejuízo irreparável.

12 –  Da mesma forma, impossível imaginar uma campanha para o governo de São Paulo enfrentando o conflito diário e o desgaste que essa situação trará, tanto para o candidato a governador, como para a candidatura presidencial.

13 – Assim, tendo em vista a importância do estado de São Paulo para a eleição de Eduardo Campos/ Marina, DEFENDEMOS que:

  • A REDE/SP tenha autonomia para apoiar a candidatura de Wladimir Safatle-PSOL (ou outro candidato qualquer)  para o Governo do estado de São Paulo;
  • O PSB/SP fique liberado para seguir sua estratégia anteriormente traçada: de apoio à candidatura de Geraldo Alckimin ao Governo do estado de São Paulo.  O PSDB oferece para PSB/PPS, a vaga de vice-governador e, possivelmente, a vaga de senador.
  • Esta decisão teria o apoio do PPS e do coordenador da REDE/SP – companheiro Célio Turino e principalmente preservaria todas nossas forças políticas na defesa  da candidatura Presidencial de Eduardo Campos / Marina Silva, que é o nosso principal objetivo nessa eleição

14 – Certos de contar com a habitual sabedoria e bom senso do companheiro Eduardo Campos e da Executiva Nacional do PSB, bem como com a compreensão da REDE/Nacional, para que alcancemos nosso principal objetivo que é a vitória de EDUARDO CAMPOS/MARINA SILVA, subscrevemos: